terça-feira, 23 de novembro de 2010

POR UM TRIZ

A nossa menina chegou. E chegou apressaaaaada.
Manhã de feriado, estava arrumando as papeladas do escritório e pensando em qual pendência resolver naquele dia.
- Ah! Vamos almoçar no shopping, comprar o que falta do enxoval e, depois, fazer compras no supermercado para casa. - disse Thaís.
- Bom plano! Eu acho que você quer é "bater perna" para a nossa filhota nascer, né?! - disse Márcio.
Só que eu não contava que às 11:30h ia sentir umas daquelas contrações chatas que doí nas costas... e uns 10 minutos depois veio mais uma. Ai, ai, ai... não vai rolar de dirigir com essa dor nas costas! Liguei para a minha irmã e pedi para ela me buscar e deixar a gente no shopping perto da casa dela.
Mas a dor foi aumentando. Vinha uma contração e tudo parava, não conseguia fazer nada... Veio mais uma e resolvi deitar na cama e marcar os intervalos. Mais uma e eu já precisava de um abraço do Márcio para me confortar. Após o alarme falso do dia 08/11, tinha dúvidas se tinha que esperar mais ou não... mas não... estava doendo demais!
Márcio ligou para minha irmã para saber se ela já estava perto. Ela estava na BR, talvez uns 15 minutos mais para chegar. Ele avisou para ela correr que ela teria que nos levar era direto para o hospital! A dor foi aumentando e Márcio ligou para Dra. Christiane.
- Oi! A Thaís tá sentindo dor aqui e quer saber qual a melhor posição para ficar e não doer tanto as contrações. - disse Márcio.
E escutando meus gritos ao fundo a Dra. respondeu: - Nenhuma. A melhor posição dela é dentro do carro correndo para o hospital.
O tempo da Mena chegar pareceu uma eternidade... e quando ela e o Renato (namorado) chegaram eu mal conseguia andar até o carro [12:28h]. Entrei no carro eu, Márcio e Pedrinho no banco de trás. Começamos a pegar o caminho para a maternidade quando lembrei que meu cartão de pré-natal e todas as outras coisitas estavam dentro do meu carro!
- Volta Mena, preciso do cartão de pré-natal se a Dra. Christiane não estiver lá o médico de plantão vai pedir...
Ela voltou e o Márcio desceu para pegar o cartão e um travesseiro para mim. Ele foi rápido mas para mim demorou - Buzina Mena, buzina... Márciooooo!!!
Eu não conseguia encontrar uma posição confortável no carro. Ficava em pé, ajoelhava, tentava deitar e nada...
Pegamos a Via Expressa, que como o nome já diz, é o caminho mais rápido da minha casa para a maternidade Otaviano Neves. Mas no meio do caminho havia uma pedra. Um desvio das obras do Boulevard Arrudas e um engarrafamento totalmente inesperado em pleno feriado. Desesperei.
"Mena buzina, pisca-alerta, gritaaaaa..." abri a janela do carro e comecei a gritar "sai da frente", "idiota", "vai nascer", "saiiiiii...", "$#*%&" e xinguei um monte de palavrões que quem me conhece bem sabe que nunca falo!
Estava sentindo dor, com medo, com pressa, impaciente, preocupada... e até tentei não transparecer, afinal o Pedrinho estava lá no carro com a gente e não queria assustá-lo, mas não deu mesmo.
Graças a Deus na esquina seguinte que íamos atravessar o Márcio avistou um policial e teve a brilhante ideia de pedir um help!
- Mena pára ali. Vamos pedir para ele abrir o caminho para gente.
- Será??? - disse Mena.
- Pára, pára logo - gritei.
Ela parou e o Márcio desceu do carro correndo pedindo ajuda para abrirem o caminho até a maternidade pois a sua esposa estava no carro em trabalho de parto.
Um dos policiais olhou para dentro do carro e me viu com um barrigão, gritando e contorcendo. Aí ele saiu correndo para pegar uma viatura que a gente logo começou a seguir.
A sirene tocava e a Mena corria atrás. O vento forte e veloz que batia no meu rosto aliviava a dor. O caminho ia se abrindo como num passe de mágica (sonoro). A Mena conseguiu acompanhar a viatura brilhantemente e assustadoramente. Só pensava "Meu Deus, temos que conseguir chegar no hospital sem bater em nenhum carro!".
Quando vi o Parque Municipal imaginei que logo aquela dor, aquele medo iriam embora. E logo estávamos subindo a passarela acompanhados de um som ensurdecedor [13:03h].
Assim que desci do carro sentia uma pressão enorme entre as pernas.
- Ela está nascendo, quero médico, quero anestesia...
E a recepcionista ainda veio me perguntar se tinha plano ou não, qual era, que tinha que fazer a ficha...
- Tá doendo muito!!!! - gritei, assustando as váriaaas gestantes que estavam na recepção esperando serem atendidas.
A enfermeira imediatamente me levou para ser examinada. Era novinha, parecia inexperiente, pediu para eu tirar a roupa, colocar o avental e deitar na cama. E quem disse que eu consegui fazer isso fácil? Tirava uma peça, vinha uma contração e tinha que parar. Sentava na cama, vinha outra contração e parava de novo. Cadê o médicooooo? "Ele já está vindo, só tem um de plantão agora e ele está no bloco".
- O quê? Márcio liga para Dra. Christiane, fala para vir logo!!! - resmunguei.
Ele ligou e ela disse que estava a 30 minutos do hospital. Em seguida, ele saiu para fazer minha ficha na recepção.
Assim que ele saiu o médico chegou e fez o exame de toque. "Ela já está com 8cm. Pode levar direto para o bloco cirúrgico." Saí da sala andando com a enfermeira e senti ainda mais que a Bia queria sair.
- Ai, ai... tô sentindo a cabeça dela daqui. Vamos logo! - falei alto e acho que assustei novamente as gestantes da recepção.
Uma outra enfermeira avisou para o Márcio que já estava com 8cm e que ele teria que subir logo para não perder o parto. Ele ligou novamente [13:12h] para Dra. Chris e avisou dos 8cm "O quê, 8cm??? Não vai dar tempo de eu chegar não Márcio, vai nascer é agora..." A Mena então continuou preenchendo a ficha para o Márcio subir.
Subi para a sala e deitei na cama do bloco. Aí tudo estava próximo de acabar ou seria começar? Foi muito rápido mas demoraram levar o Márcio para a sala. "Quero meu marido!" "Por que vocês não trazem meu marido?" "Márcioooooooooo!!!!!". Soro, anestesia, Márcio chegou, preparar, apontar... buuuuaáááááááá!!! [13:28h]

E enquanto admirávamos a nossa filhota, conversamos com os médicos como foi tudo corrido. E um deles afirmou que se não tivesse a escolta da polícia ela nasceria dentro do carro.
E foi assim, por um triz, que não nasceu no carro a nossa Beatriz.








BEATRIZ LÔBO DE CASTRO
15/11/2010 | 13:28h
3.970g | 49cm

PS: Na quinta-feira, 18/11, o Márcio registrou a Beatriz. Oficialmente agora NÓS SOMOS QUATRO.

PS2: A nossa história foi publicada na Revista Crescer, mês de julho/2011 ;)


3 comentários:

  1. NOSSA! Taí uma história emocionante pra contar! hehehe... Aposto que vai ser a história preferida da Bia!

    Graças a Deus que deu tudo certo no final, né?!
    PARABÉNS mais uma vez...

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  2. Que emocionante... Nascimento de filme hein? E esse nome que é o nome da minha (futura) filha?
    Beijos!

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  3. Muitas emoções, tudo verdade eu estava lá, presenciei tudo! Esta gracinha "BIA" não nasceu simplismente estreou, como em uma mega produção de cinema, rsrsrsr.

    Bia, seja muito bem vinda!
    BJus

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